Até 19 de agosto, o Cistermúsica vai continuar a apresentar vários espetáculos no âmbito das comemorações dos 250 anos do nascimento de Beethoven
Os hinos à alegria do Cistermúsica
Uma boa parte da carreira de Ludwig van Beethoven foi passada à procura da arquitetura perfeita para servir como veículo melódico por excelência a todo o seu génio e criatividade. Foi precisamente no ano em que se assinalam 250 anos do nascimento de um dos maiores compositores de sempre que a arquitetura e estrutura social, cultural, política e económica de todo o mundo foi colocada em causa como não havia memória.
Outros dos “ensinamentos” partilhados pela carreira de Beethoven é a superação das dificuldades. Um compositor que, à medida que a sua carreira prossegue, vai perdendo a audição bem que podia ser o plot de um filme catastrófico. Mas é mesmo o que aconteceu a Ludwig van. E não só isso não o impediu de continuar a compor como algumas das suas últimas obras (quando já era totalmente surdo) são consideradas como das melhores. Uma história adversa que, também, ajuda a dar tons ainda mais épicos a esta edição do Cistermúsica.
Depois de períodos de muita incerteza e inúmeras adversidades, o Cistermúsica foi contra a corrente e apostou na realização da edição deste ano do festival. Tendo em conta todas as medidas de segurança e higiene impostas, a organização preparou uma programação que privilegia os artistas nacionais e os pequenos agrupamentos (fruto das tais medidas de segurança) mas não por isso menos interessante e singular.
Com o Mosteiro de Alcobaça, lugar Património Mundial, como epicentro, o festival vai dedicar uma boa parte da programação a celebrar a efeméride à volta do compositor alemão, partilhando com o público o Beethoven Fest que, a partir da obra do artista, leva-nos a uma viagem por vários mundos da música erudita.
Até 19 de agosto, o Cistermúsica vai continuar a apresentar vários espetáculos no âmbito das comemorações dos 250 anos do nascimento de Beethoven, destaque para a majestosa 5.ª Sinfonia e o concerto para piano e orquestra “Imperador”, obras interpretadas pela Orquestra Filarmónica Portuguesa e pelo pianista João Bettencourt da Câmara, no próximo dia 31 na Cerca do Mosteiro de Alcobaça, e para o duo Jed Barahal e Christina Margotto. Ele, americano, no violoncelo. Ela, brasileira, ao piano. Ambos vão executar, nos dias 6 e 7 de agosto, parte da Integral das Sonatas para violoncelo e piano de Beethoven, no Celeiro do Mosteiro de Alcobaça.
Há, além do Beethoven Fest, ainda mais motivos para visitar Alcobaça e usufruir de espetáculos do Cistermúsica, nomeadamente, no dia 16 de agosto, quando o acordeonista João Barradas e as cantoras líricas Bárbara Barradas e Cátia Moreso vão executar uma versão singular de Stabat Mater, de Pergolesi, na Nave Central do Mosteiro de Alcobaça. O festival também se adaptou aos novos tempos e vai fazer bom uso das tecnologias de comunicação – que ganharam novo fôlego durante a pandemia – para transmitir em livestream, no dia 19 de agosto para encerrar a programação, a mítica cantata “Carmina Burana”, de Carl Orff, num espetáculo de dança contemporânea e videomapping apresentado pela experiente Vórtice Dance Company.
O Cistermúsica continua a sua missão cultural e, assim, ajudando a escrever, compor e partilhar muitos hinos à alegria. E que falta faz a alegria neste momento.
Fotos: Sara Leonardo